Aeroportos

Acidentes entre aviões e aves no Aeroporto de Salvador está aumentando por causa da proximidade com o Aterro AMC

Entre 2014 e 2024, dobrou o número de colisões de aves com aviões decolando ou pousando no aeroporto de Salvador. Os casos subiram de 83 para 167. Os dados estão disponíveis no portal http://gov.br/anac/safety, desenvolvido em parceria com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA). A plataforma centraliza todas as notificações de segurança operacional da aviação civil, tanto de operadores nacionais quanto estrangeiros em território brasileiro.

Em 2025, até 21 de agosto, as colisões entre aves e aviões no aeroporto de Salvador somam 112 ocorrências, e é possível que elas superem o resultado de 2024.

O aumento exponencial no número de casos pode estar relacionado com a proximidade – pouco mais de 5 quilômetros (print abaixo) – do aeroporto com o Aterro Metropolitano Centro (AMC), que recebe quase todos os dias 3 mil toneladas de lixo.

Pelo menos 50% das 3 mil toneladas são de material orgânico, como restos de alimentos, que atrai urubus e outras aves.

A ANAC estabelece uma Área de Segurança Aeroportuária (ASA), que consiste em uma área circular com 20 quilômetros de raio, definida a partir do centro da maior pista de um aeródromo. Dentro dessa área, há restrições de uso e ocupação do solo, como atividades que possam atrair fauna que representa perigo para as aeronaves.

O AMC não está respeitando essa distância e os urubus e outras aves têm comprometido os pousos e decolagens no aeroporto de Salvador.

O aterro entrou em operação em 1999, e, segundo o Relatório de Risco de Fauna do CENIPA, de 2009 (o último disponível no site https://www2.fab.mil.br/cenipa/index.php/estatisticas/risco-da-fauna), naquele ano foram registrados apenas 39 colisões com aves.

A operação no Aterro Metropolitano Centro, sob responsabilidade, da Battre, tem sido alvo de diversas críticas, da população que vive no entorno da área, de ambientalistas e políticos locais. As reclamações envolvem o mau cheiro, desmatamento de áreas próximas, assoreamento de cursos d’água, contaminação das bacias dos rios Ipitanga e Joanes.

Desde o início de 2025, parlamentares têm questionado a decisão do prefeito Bruno Reis de renovar o contrato com a Battre por mais 20 anos, a um custo de R$ 2,6 bilhões, sem licitação.

Apesar de ter sido cobrado diversas vezes, o chefe do executivo municipal da capital baiana ainda não apresentou as justificativas técnicas e econômico-financeiras que embasaram a sua decisão de renovar o contrato.

Originalmente, o contrato assinado em 1999 terminava em 2019, mas, desde então, veio sendo renovado por meio de termos aditivos. O último termo aditivo, de janeiro deste ano, foi o que ampliou a prestação do serviço por mais 20 anos.

O problema, porém, é que AMC está no fim de sua vida útil e não poderia mais receber resíduos.

Nesse meio tempo, caso a operação no local não esteja adequada, a tendência é de que o número de urubus perto do aeroporto de Salvador aumente. Será triste se as autoridades tomarem uma providência apenas se um avião cair.

Foto: Gerada por I.A

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