Demanda por transporte aéreo de carga cresce 0,8% apesar das interrupções comerciais

2 de agosto de 2025 Adriano Moura Buzeli

A Associação do Transporte Aéreo Internacional (IATA) divulgou os resultados dos mercados globais de transporte aéreo de carga de junho de 2025, que demonstram que:

A demanda total, medida em toneladas de carga por quilômetro (CTKs), aumentou 0,8% comparado aos níveis do mesmo período de junho de 2024 (1,6% nas operações internacionais).
A capacidade, medida em toneladas de carga disponível por quilômetro (ACTKs), aumentou 1,7% em relação a junho de 2024. (2,8% nas operações internacionais).

“De forma geral, a demanda por transporte aéreo de cargas teve um crescimento modesto de 0,8% em junho, na comparação ano a ano. No entanto, esse número esconde realidades bem diferentes para os principais atores do setor. As tensões comerciais, por exemplo, levaram a uma queda de 8,3% no tráfego da América do Norte e estagnaram o crescimento europeu em 0,8%. Por outro lado, a região da Ásia-Pacífico foi na contramão dessa tendência, registrando uma expansão de 9,0%. Enquanto isso, os conflitos militares no Oriente Médio causaram uma redução de 3,2% no tráfego de cargas daquela região”, afirmou Willie Walsh, Diretor Geral da IATA.

“Os dados de junho sobre o transporte aéreo de cargas deixaram muito claro que a estabilidade e a previsibilidade são pilares essenciais para o comércio. A maior clareza sobre as tarifas dos EUA, que está surgindo, permite que as empresas planejem com mais confiança. No entanto, não podemos ignorar que os ‘acordos’ que estão sendo feitos resultam em tarifas significativamente mais altas para produtos importados pelos EUA do que há poucos meses. O impacto econômico dessas barreiras de custo no comércio ainda precisa ser avaliado. Enquanto isso, os governos deveriam intensificar os esforços para tornar a facilitação do comércio mais simples, rápida, barata e segura, utilizando a digitalização”, disse Walsh.

Diversos fatores devem ser destacados no ambiente operacional:

Em maio de 2025, a produção industrial mundial cresceu 3,2%, em relação ao mesmo período do ano anterior, e o comércio global de marcadorias subiu 3,5%.

Os preços do combustível de aviação em junho de 2025 foram 12% menores que no ano anterior, pela quarta vez consecutiva observa-se uma queda mensal comparada ao mesmo período do ano anterior. Entretanto, foi 8,6% maior comparado aos preços de maio.
A manufatura global reverteu o cenário de queda em junho, com o PMI subindo a marca de 50 para 51,2. O índice de novos pedidos de exportação demonstrou melhora por 1,2 pontos, porém se manteve negativo em 49,3, devido a recente pressão e mudanças das políticas comerciais dos Estados Unidos.

Desempenho por região em junho de 2025

As transportadoras da região Ásia-Pacífico registraram aumento de 9,0% na demanda por carga aérea em junho comparado ao mesmo período do ano anterior, o maior entre todas as regiões. A capacidade subiu 7,8% em relação a junho de 2024.

As transportadoras da América do Norte demonstraram uma queda de 8,3% na demanda por carga aérea em relação ao mesmo período do ano anterior, o menor entre as regiões. A capacidade diminuiu 5,1% em relação a junho de 2024.

As transportadoras da Europa registraram um aumento de 0,8% na demanda por carga aérea em junho comparado ao mesmo período do ano anterior. A capacidade aumentou 2,6% em relação a junho de 2024.

As transportadoras do Oriente Médio relataram uma queda de 3,2% na demanda por carga aérea em junho em relação ao mesmo período do ano passado. A capacidade aumentou 1,5% comparado a junho de 2024.

As transportadoras da América Latina demonstraram um aumento de 3,5% na demanda por carga aérea em junho em comparação a 2024. A capacidade teve diminuição de 0,4% em relação a junho de 2024.

As transportadoras das África registraram aumento de 3,9% na demanda por carga aérea em junho em relação ao ano anterior. A capacidade aumentou 6,2% em relação a junho de 2024.

Crescimento das rotas comerciais: Os volumes de frete aéreo em junho de 2025 aumentaram nos principais corredores comerciais originários/internos da Europa e na rota Oriente Médio-Ásia. No entanto, outras rotas comerciais importantes, como as originárias/internas da Ásia e as da América do Norte, apresentaram uma diminuição significativa no último mês.